segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A IMITAÇÃO DE CRISTO




IMITAÇÃO DE CRISTO.
(Frei Tomás de Kempis)











Devota exortação à Sagrada Comunhão. 


Com quanta reverência cumpre receber a Cristo



Voz do discípulo:

4. Ó meu Deus, quanto se esforçaram esses vossos servos para agradar-vos! Ai, quão pouco é o que eu faço! Quão pouco o tempo que gasto em preparar-me para a comunhão! Raras vezes estou de todo recolhido, raríssimo livre de toda distração. E, todavia, na presença salutar de vossa divindade não me devia ocorrer pensamento algum impróprio, nem eu me devia ocupar de criatura alguma, pois vou hospedar, não a um anjo, senão ao Senhor dos anjos.

5. Demais, há grandíssima diferença entre a arca da aliança com suas relíquias e vosso puríssimo corpo com suas inefáveis virtudes; entre aqueles sacrifícios da lei, que eram apenas figuras do futuro, e o sacrifício verdadeiro de vosso corpo, que é o cumprimento de todos os sacrifícios antigos.

6. Por que, pois, se me não acende melhor o meu coração na vossa adorável presença? Por que me não preparo com maior cuidado para receber vosso santos mistério, quando aqueles santos patriarcas e profetas, reis e príncipes, com todo o povo, mostraram tanta devoção e fervor no culto divino?

7. Com religioso transporte dançou o piedosíssimo rei Davi diante da arca da aliança, em memória dos benefícios concedidos outrora a seus pais; mandou fabricar vários instrumentos musicais, compôs salmos e ordenou que se cantassem com alegria, e ele mesmo os cantava muitas vezes ao som da harpa; ensinou ao povo de Israel a louvar a Deus de todo o coração e engrandecê-lo e bendizê-lo todos os dias, a uma voz. Se tanta era, então, a devoção e o fervor divino diante da arca do testamento, quanta reverência e devoção devo eu ter agora, e todo o povo cristão, na presença do Sacramento e na recepção do preciosíssimo corpo de Cristo!


8. Correm muitos a diversos lugares para visitar as relíquias dos santos, e se admiram ouvindo narrar os seus feitos; contemplam os vastos edifícios dos templos e beijam os sagrados ossos, guardados em seda e ouro. E eis que aqui estais presente diante de mim, no altar, vós, meu Deus, Santo dos santos. Criador dos homens e Senhor dos anjos. Em tais visitas, muitas vezes é a curiosidade e a novidade das coisas que move os homens; e diminuto é o fruto de emenda que recolhem, principalmente quando fazem essas peregrinações com leviandade, sem verdadeira contrição. Aqui, porém, no Sacramento do Altar, vós estais todo presente, Deus e homem, Cristo Jesus; aqui o homem recebe copioso fruto de eterna salvação, todas as vezes que vos recebe digna e devotamente. Aí não nos leva nenhuma leviandade, nem curiosidade ou atrativo dos sentidos, mas sim a fé firme, a esperança devota e a caridade sincera. 

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